Com estimativa de 5,5 milhões de casos até 2050, conhecer os sinais iniciais de Alzheimer e os tratamentos disponíveis é essencial para garantir qualidade de vida aos pacientes
O Alzheimer, tipo mais comum de demência, está em franca ascensão no Brasil. Atualmente, 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos convivem com a condição. Segundo o Ministério da Saúde, esse número deve saltar para 5,5 milhões até 2050, refletindo o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida. O cenário impõe um desafio crescente ao sistema de saúde, exigindo ações coordenadas para diagnóstico precoce, tratamento eficaz e apoio integral aos pacientes e cuidadores.
Apesar dos avanços, ainda há obstáculos significativos. A falta de informação, o estigma associado à doença e a subnotificação dificultam a identificação dos casos nos estágios iniciais, quando a intervenção pode ser mais eficaz. Estima-se que até 77% das pessoas com demência no país não tenham diagnóstico formal, o que compromete o acesso a cuidados adequados e a autonomia do paciente.
Os primeiros sinais e a importância de reconhecê-los
O início da doença pode ser confundido com o envelhecimento natural: esquecimentos recentes, dificuldade para realizar tarefas simples, alterações de humor ou comportamento e perda de vocabulário. No entanto, esses sinais merecem atenção. Quando identificados precocemente, permitem a adoção de estratégias que retardam a evolução da doença e ajudam no planejamento familiar.
O diagnóstico deve ser feito por profissionais especializados — neurologistas, geriatras ou psiquiatras, por meio de exames clínicos, testes de cognição e, em alguns casos, exames de imagem. Os cuidadores, muitas vezes familiares, têm papel fundamental nesse processo, pois são os primeiros a perceber mudanças sutis no comportamento do idoso.
Cuidadores e rede de apoio: pilares do tratamento
Após a confirmação do diagnóstico, o cotidiano da família se transforma. Adaptar a casa, organizar a rotina, administrar medicamentos e lidar com as alterações comportamentais exige preparo emocional e técnico. A sobrecarga sobre os cuidadores é alta, especialmente quando não há suporte público ou privado.
Por isso, especialistas defendem políticas públicas voltadas à formação de cuidadores, apoio psicológico e ampliação de centros especializados em demência. O cuidado com o Alzheimer é contínuo e demanda atenção multidisciplinar, desde o controle dos sintomas até a preservação da qualidade de vida.
Tratamento medicamentoso e atenção aos detalhes
Entre os medicamentos disponíveis para os estágios leve a moderado da doença, a donepezila é amplamente utilizada. Segundo a bula da donepizila, o fármaco atua como inibidor da enzima acetilcolinesterase, elevando os níveis de acetilcolina — neurotransmissor crucial para funções como memória e aprendizado.
A resposta ao medicamento pode ser observada após duas semanas de uso, com efeitos mais estáveis a partir da quarta ou sexta semana. A bula da donepizila recomenda o início com 5 mg diários, dose que pode ser aumentada para 10 mg, conforme a resposta do paciente e a avaliação médica.
Ainda de acordo com a bula, os efeitos colaterais mais comuns incluem náusea, tontura, insônia e diarreia. Em casos menos frequentes, podem ocorrer alterações cardíacas ou distúrbios gastrointestinais, o que reforça a importância do acompanhamento médico regular, especialmente em pacientes com histórico de úlcera ou doenças cardíacas.
O cuidado integral vai além do medicamento
Embora o tratamento farmacológico ajude a controlar os sintomas, ele não substitui o acompanhamento multidisciplinar. A estimulação cognitiva, a prática de atividades físicas e sociais, a alimentação equilibrada e o suporte psicológico fazem parte do cuidado integral necessário para preservar a funcionalidade e a autoestima do paciente.
Além disso, tecnologias como aplicativos de monitoramento, consultas remotas e grupos de apoio online podem facilitar a rotina dos cuidadores e oferecer um ambiente de troca de experiências e acolhimento.